MINHA ILHA
A minha Ilha
é a ilha mais importante do mundo,
é a minha concha,
é minha fantasia,
onde surfo em minha prancha
entre o céu e a maresia.
É a parte que me cabe neste vastifúndio.
A Ilha do Amor,
da sereia que me encantou, .
da lua banhando no mar;
o meu disco voador,
comigo no cosmo a voar!
A minha ilha
é o meu planeta,
minha placenta,
onde mato minha sede;
espaçonave de poetas…
Ilha vida,
Ilha verde.
SANLUISMANIA
A carniça do ontem e o embrião do porvir,
o sobrado moribundo e o ar aluminizado,
o que o homem em pó conseguiu destruir,
o que por dinheiro foi edificado…
Teus mistérios geográficos e esotéricos,
tua límpida face poética e a outra fétida,
tudo isso, é a cocaína e a nicotina,
que em “overdose” viciam minha retina.
Te conheço mais do que às orações bíblicas
por chafurdar e reler tanto as tuas páginas,
que uníssonas, são minha vida em tua vida.
Meus sorrisos fundem-se nas tuas lágrimas
e o navio estranho que foge pelas tuas águas
é a minha alma que não pôde dar partida.
PREFÁCIO (ASSIS BRASIL)
Alex Brasil – Uma forte voz da moderna poesia maranhense.
Alex Brasil, pseudônimo de Alsenor Duailibe Garcia, nascido em Santos Dumont, município de Codó, no dia 28 de dezembro de 1954, surge como uma das vozes mais fortes da moderna poesia maranhense. Estuda no interior e vai para São Luís onde termina o 1º grau no Centro Educacional do Maranhão e o 2º grau no Liceu Maranhense. Ná década de 70 passa pelas faculdades de Engenharia Civil e Agronomia, e faculdades de Comunicação Social e Direito, e vai concluir os cursos de Jornalismo e Radialismo na Universidade Federal do Maranhão.
Após os estudos e insatisfeito com os empregos públicos no Banco do Brasil e Banco do Nordeste, larga tudo para trabalhar na televisão, no jornal e na publicidade, sendo hoje diretor da AB Propaganda, depois de ter passado pela Ekos Produções e Publicidade Ltda. Com toda essa experiência profissional, Alex Brasil sente na pele o opressor e o oprimido e transforma a sua vivência em poesia, entre o lírico ressentido com o drama humano e a crítica contundente ao sistema.
Estreando em 1979 com Planeta Vermelho, não parou mais, chegando a 13 livros publicados, e sempre atento, numa linguagem sóbria, objetiva, em dar testemunho de seu tempo como homem sensível e preocupado com a condição humana. Alex Brasil usa quase sempre o verso largo, de tom discursivo (uma tendência pós-moderna), sem floreios verbais ou erudição, pois o seu recado é simples diante das cicatrizes expostas do mundo, da Idade do Ouro Negro (1980) aos Meninos de São Luís (1992), a preocupação com a ecologia do planeta doente e com as crianças famintas de sua cidade.
Poesia, poemas-em-prosa, o acicate da literatura para denunciar os poderosos e sensibilizar os homens que ainda se importam: a palavra é mais fone do que a imagem, o livro é mais contundente do que o vídeo. Como disse o seu companheiro de geração, o também poeta Robeno Kenard, Alex Brasil “sem preocupar-se com a forma, busca na matéria-desespero-diário o caminho da crítica à Ordem Estabelecida, numa linguagem de ferro, extremamente popular, tentando impor a si mesmo o lado mais perigoso, numa luta nem sempre fácil”.
Além de Ilha Verde, Alex Brasil tem mais 12 livros publicados: Planeta Vermelho (SIOGE), Idade do Ouro Negro (Gráfica São Luís/80), O Sonho Deve Continuar (Sistema Difusora/81), Crepúsculo Vinte (Star Gráfica e Editora/82) , Inferno- verde (SIOGE/83), Brasil, Não Chore Mais (SIOGE/85), Crianças do Apocalipse (SIOGE/86), A solidão é cinza (Gráfica São Luís/86), Amores Perdidos (SIOGE/87), Peregrino das Emoções (SIOGE/87), Meninos de São Luís (Gráfica
Escolar/92), Razões do Coração (Gráfica Escolar/93).