TÍTULO DE CIDADÃO (18/06/2003)

TÍTULO DE CIDADÃO AO POETA ALEX BRASIL

DATA: 18/06/2003

VEREADOR IVAN SARNEY – Exmo. Sr. Vereador Pinto da Itamaraty, Presidente desta Sessão, limo. Dr. Sérgio Macedo, aqui representando o Exmo. Sr. Governador do Estado, Dr. José Reinaldo Tavares; Ilmo.Dr. Francisco Branco, aqui representando o Exmo.Sr. Prefeito Municipal de São Luís, Dr. Tadeu Palácio; poeta José Chagas, aqui representando a Academia Maranhense de Letras; familiares de Alex Brasil; Senhores Vereadores; Senhores Acadêmicos; Senhores da Imprensa; Senhores da Galeria.

Poeta e amigo Alex Brasil. Ainda há pouco, enquanto meditava, compunha e reunia minhas emoções para o discurso de homenagem que devo proferir, nesta manhã; discurso que eu fiz questão de não escrever, de deixar que fluíssem as palavras e os pensamentos, como convém a um encontro de poetas; como convém a um encontro como este, que toca a alma, que representa uma homenagem a um cidadão maranhense, a partir de suas origens, do povoado que foi seu torrão natal, de suas esperanças e da construção da sua própria vida.
Quis deixar que minhas palavras fossem as palavras da emoção de agora, não as emoções de um discurso possivelmente escrito ontem ou antes de ontem, e que até pudesse refletir parte das emoções que me envolvem agora. Mas que, com absoluta certeza, não refletiria a plenitude desta manhã.

Por isso, Poeta, enquanto eu meditava, compulsando vosso livro que será lançado, em poucos dias: Todas as Estações, Antologia Poética, abrindo na página 59, depois de folheá-lo inteiramente, encontrei um poema que me pareceu definidor de vossa presença, nesta Casa, nesta manhã. Vou lê-lo, como epígrafe do discurso com que devo homenagear-lhe agora. Sofrer São Luis é o nome do poema. E seus versos dizem:
“De repente descobri que não habito minha cidade! São Luis é que habita em mim! como o meu sangue em minha carne! Não é ela para mim o abrigo! Sou o templo, ela o santuário! Habitando-me por todos os sentidos! ela é o peixe, eu o aquário! Circulam em minhas carnes e veias suas tragédias, sussurros, topografia / entrelaçando-me feito teias de ruas, rostos, cheiros, praias, poesia. Ah! Minha cidade como conheço teus gemidos/da Vila Palmeira à mais pobre invasão / Tua ecologia em agonia, teus filhos sofridos, teus sobrados desabando no meu coração”.

Este é o poema que eu identifiquei como a epígrafe possível desta homenagem, nesta manhã. A imagem de São Luis como vossa cidade. Ela já identificada como: Oh! Minha Cidade! E Vossa Senhoria, que já mora nesta cidade há 30 e tantos anos, tendo vindo para cá adolescente ainda, nascido no povoado chamado Santos Dumont, do Município de Codó. A simples menção do nome com que foi batizado esse povoado, o nome do pai da aviação, nos leva a pensar em vôo, nos leva a pensar em pássaros, a acreditar num povoado onde as pessoas possam ser inspiradas para o ato de voar. E veio o poeta Alex Brasil com seu vôo imanente; veio de Santos Dumont, ainda muito jovem, habitar São Luís e construir sua trajetória de vida em nossa cidade.
Egresso de uma parte do nosso sertão. Sertão diferenciado de boa parte do sertão do Nordeste porque, enquanto em várias regiões do Nordeste a sina, a ambiência, os ecossistemas fazem com que o fenômeno da seca seja o grande motivador das migrações dos retirantes, fenômenos que por tantos anos ainda continuam a assolar nosso país, vitimando pessoas, construindo histórias dramáticas, definindo o perfil de um povo, de uma cultura, de um sentimento, parte indissociável o nosso Brasil.

Talvez o Brasil mais real, o Brasil que a gente conhece de ver e sentir, e que João Cabral de Meio Neto, de uma maneira exemplar e mestra, definiu em Morte e Vida Severina: o canto, a sina, a saga dos nordestinos. As dores dos irmãos das almas que vão morrendo, embalados por cantos de louvor, das incelenças que vão celebrando, de certa maneira, a esperança de viver na etemidade, fugindo da morte que ele chama de Severina.

Severino é o principal personagem. A morte Severina, segundo João Cabral, “…é a morte de que se morre: de velhice, antes dos 30; de emboscada, antes dos 20; e de fome, um pouco por dia…” Esses versos de João Cabral constituem o âmago, a síntese de todo aquele belo poema, que é um poema, de certa forma épico, que define a saga \0 povo nordestino, o que já nos referimos aqui. O Maranhão é diferente. O Maranhão é das águas. O Maranhão é do império das águas que também produzem fugas, que também fazem vitimas, através das enchentes. O poeta e escritor José Sarney registrou, de uma maneira exemplar, como prólogo, no seu livro Norte das Águas, um diálogo de canoeiros do Rio Pericumã, que também me ocorre agora nas lembranças, como algo simbólico para esta fala, para a homenagem desta manhã. São dois canoeiros que se encontram, provavelmente dois amigos, implicitamente dois amigos. Mestre João e um outro cujo nome não é explícito, é inominado na fala. Pois esse amigo vendo o mestre João remando, partindo, fugindo, pergunta-lhe: – Por estes mares mestre João?
Ele está espantado de ver mestre João saindo. Ele nem fala em rios, ele fala em mares, como se já estivesse mestre João nas águas do continente, perpassado as águas do Pericumã, como se ele próprio não estivesse nas águas do mesmo rio. – Por estes mares mestre João? Mestre João responde: – Sim, cá e code. E ele, novamente:- Por amor de quê? (que talvez fosse pro mode’quê?) Mas está registrado – Por amor de quê? Mestre João responde: – Pra sofrer menos? E o amigo, outra vez?: – Pra sofrer menos ou sofrer mais? Mestre João é incisivo: – Tanto faz. E ele, curioso: – Andando que rumos? D’onde? Mestre João: – Caminho do Norte. O amigo é insistente – Norte ou da Morte? Ele é fatalista e teme. E mestre João, seguro: – Tanto faz. O amigo, novamente: – Norte de quê? Mestre João: – Das águas compadre. Toma o amigo: – Das águas de mais ou das águas de menos? Mestre João responde: – Tanto faz. O amigo não desiste: – Norte das águas ou éguas? Mestre João, conclusivo: – Tanto faz. E o amigo convencido: – Êta Maranhão grande, aberto e sem porteira!

O diálogo termina aí. Esse diálogo me parece um diálogo síntese da sina do homem na luta para mudar seus desígnios, na busca de construir destinos, do homem que nasceu pra se engrandecer; que nasceu pra viver e alimentar suas esperanças; que nasceu para amar; que nasceu para solidariedade; para o encontro dos outros; para a construção dos sonhos; e para projetar convergência dos seus sonhos com as esperanças de seus semelhantes. Esse homem que diz:
-Tanto faz! Ele professa, quando vai em busca das esperanças luminosas do amanhã.
O mestre João estava saindo, buscando, talvez, por motivação das águas.
Mas o Norte das águas era o Norte da vida. Ele ia buscar do desconhecido, do acaso. Ele só não queria ficar mais ali. Qualquer que fosse o destino, tanto a morte, quanto a vida, tudo se resumia na palavra esperança.

Nosso homenageado, o poeta Alex Brasil, possivelmente, não refletiu, o tempo de sua mudança para a capital, se tanto fazia estar em Santos Dumont ou vir pra São Luís. Possivelmente, não refletiu se vinha pra sofrer menos ou sofrer mais. Como veio muito jovem, certamente, só trouxe esperanças e sonhos de realizar-se como pessoa, na cidade grande.
Mas creio que seu pai, cujo nome não tenho registrado na memória, deve ter refletido um diálogo íntimo, de si para consigo mesmo, semelhante a esse diálogo dos canoeiros. -Caminho do Norte ou da morte? Pra sofrer menos ou sofrer mais? Ele, certamente, identificou no menino irrequieto, no menino dos banhos de açude, dos banhos dos córregos, afluentes do Rio Itapecuru no menino briguento e determinado, uma esperança que precisava ser lapidada longe dali. Vislumbrou esperanças, caminhos diferentes, futuro promissor e a certeza de que valia a pena arriscar.

Nosso homenageado, quem sabe tenha vindo descontente. Menino, como todos os meninos de interior, com as suas primeiras experiências e emoções, com suas primeiras buscas corporais no aconchego de cabras e novilhas, no vagido de bois nos pastos de verdes campos, aquele menino certamente não teve as esperança nem as dúvidas e indagações que lhe motivassem a responder: Tanto faz!

Talvez tenha vindo na amargura de vir, de deixar seus amigos, de deixar sua terra, seu pequeno torrão, o espaço de suas primeiras experiências amorosas; a construção das armadilha, das arapucas; das caçadas de baladeira e todo o universo lúdico que permeia a vida crianças, na zona rural. Sei, porque tive o privilégio de viver um pouco de tudo isso Fazenda Santo Antônio, de propriedade de meu pai, no local chamado Ponta da Ilha, porém no continente.

Nosso poeta, nosso homenageado, não perquiriu, provavelmente, sobre o seu destino, sobre o porquê tinha que vir. Seu pai, no entanto, deve ter concluído que aquele menino de perguntas intermináveis, já não cabia ali, em Santos Viu nele um destino e um futuro da inquietude e esforçou-se para que ele viesse para São Luís. E tanto fazia, para o velho pai de Alex, se fosse para sofrer mais ou sofrer menos. A idéia dele, é possível interpretar, era de que Alex alçasse vôo e se educasse, e se formasse São Luís, no centro urbano magnético pra onde convergia e converge, ainda hoje, boa parte dos jovens e da população de nosso Maranhão.

Êta Maranhão grande, aberto, sem porteira! E Alex veio. Pra sofrer mais ou sofrer menos, poeta? Sem dúvidas, sofreu mais e sofreu menos também. Mas, hoje, possivelmente, ele pode olhar para sua trajetória, a trajetória do tanto faz, das águas de mais ou das águas de menos. Certamente, as águas foram para ele a benção da fertilidade que serviu de adubo para as conquistas de sua vida.

Não viestes poeta, pois já tinha passado a época, no trem que João do Vale tão bem cantou e que o Coral da Cidade, ainda há pouco, nos fez reviver as emoções. Não andei de trem. Mas os que andaram tiveram de vir naquelas brenhas, no trem soltando brasa e comendo lenha, tanto queimando quanto atrasando, mas integrando o Maranhão e o Piauí e fazendo com que pessoas dessem cursos a suas esperanças e viessem materializá-Ias, possivelmente, nesta cidade.
Os caminhos de uma nova vida vinham todos desaguar aqui na ilha. Numa região como a nossa tudo deságua no mar. Nós desaguamos no mar. O poeta também desaguou no mar. Esta manhã que é, nitidamente, uma manhã de sol já ostenta o prenúncio das manhãs de julho, que são tão fartas de sol e de vento. Manhãs que entram por essas janelas e nos iluminam, nos acalentam e fazem com que nossas emoções se avivem de uma maneira mais intensa e clara. Tanto fez poeta. Tanto fizesse. Tanto faz agora o que poderia ter sido vosso destino. Hoje ainda vivo, vosso pai se orgulha. E, vossa mãe se orgulha e se orgulham vossos irmãos, como se orgulha vossa família: Esmeralda, Bianca, e vossos amigos, entre os quais me incluo, com muito orgulho, pela trajetória que construístes: 15 livros de poesias. Belos livros que refletem uma preocupação, nitidamente e predominantemente, social.

Vossa obra é mais social que lírica só pra definir o conteúdo de vossas preocupações. Pois, enquanto a lírica fala mais de subjetivo, sendo mais personalista, a social está voltada para a preocupação com os semelhantes, está denunciando, está apontando os rumos do amanhã, está mostrando à sociedade suas próprias feridas, com palavras sonoras, com ritmos, com melodias, com tudo aquilo que um verso e um poema contém. “Esta, portanto, é a manhã da rima, é a manhã do ritmo, é a manhã da melodia, é a manhã da canção porque é a manhã da poesia. Homenagear poeta é também, implicitamente, estar homenageando poesia. A poesia que expressastes, em vossos livros, está hoje aqui representada neste livro denominado de Todas as Estações. Ainda faltam Estações aqui, poeta. E sei que elas virão com o acontecer de cada amanhã.

O presente é um olhar pra trás, nas Estações aqui resumidas. A síntese desta obra, que vai ser lançada ainda, fornece uma idéia clara e nítida do poeta Alex Brasil, das suas conquistas e das suas vitórias, de um poeta que faz da poesia o seu cotidiano; um poeta que, formado em jornalismo, fez da poesia a matéria do seu trabalho.

Este plenário ostenta um testemunho claro e vivo da obra do poeta e do profissional Alex Brasil. Adeus às Armas, essa campanha que está aqui gravada nesse banner. Eu peço que as pessoas olhem bem. É uma criação dele, da agência dele, sob sua orientação. Eu propus a criação da campanha Adeus às Armas, a Câmara aprovou e instalamos. Mas o simbolismo da campanha, a idéia da arma que se desfaz, que em vez de projétil dispara um girassol, é uma criação da Agência AB Propaganda e Marketing que tem o poeta Alex Brasil como seu proprietário e principal superego do Departamento de Criação, que também integra.

O girassol, essa flor que acompanha a trajetória da luz do dia, do sol que viceja a cada manhã, foi uma proposta da Agência. Uma mostra da sensibilidade criativa, de como o trabalho profissional de Alex Brasil está associado à poesia, de como a fala de Alex está associada à poesia também. Eu fico, como já disse, orgulhoso de ver essa trajetória e essa vitória poeta, de ver como construístes, com habilidade, o vosso caminho, como soubestes construir amigos. Este plenário é um testemunho qualificado dos amigos que semeastes. Tantos outros amigos poderiam estar aqui, que qualificariam igualmente este plenário, por razões diversas. Estariam aqui como aqui estamos para testemunhar vossa vitória.

Ainda menino, viestes de Santos Dumont, impregnado de vôos, de pássaros, de lembranças, que trouxestes de vossa cidade, tantas vezes reafirmada, relembrada, em nossas conversas; debuxada como se fosse uma pintura, uma tela que não descorasse, que trouxestes para nossa cidade, eternizada em vossa alma. Trouxestes da mesma maneira como expressou Ferreira Gullar no Poema Sujo, quando ele afirma que: “a cidade está no homem quase da mesma maneira que a árvore voa no pássaro que a deixa”.

É quase dessa maneira mesmo, que eu sinto a emoção da cidade de Santos Dumont em vossas lembranças de pássaro que a deixou, ela cristalizada em vossa alma, na árvore em que vos transformastes para perenizar essas lembranças. E que belas e que profusas são essas lembranças! Fico orgulhoso, uma vez mais poeta, pela forma como trouxestes vossa cidade para nossa cidade, como evocastes São Luís como vossa cidade.

É de São Tomás de Aquino o pensamento que afirma: “Que quem ama não vive necessariamente onde está, vive onde ama”. É pensamento filosófico. Eu vou repetir. “Quem ama não vive necessariamente onde está, vive onde ama”. Acima dos desterrados, longe dos seus espaços, longe de seu contexto, de suas lembranças, de seus símbolos, vivem amarguradamente onde amam e morrem onde estão em desterro. Viver onde se ama é viver com as lembranças de onde se amou. É viver com saudades, com nostalgia; é quase não viver.
O Poeta Alex Brasil trouxe sua cidade. Vive em nossa cidade que ele chama de sua e é possível dizer, neste momento, que ele vive onde está e que ele vive onde ama, porque Santos Dumont talvez, agora, seja apenas um espaço de decolagem nas lembranças, no fundo da alma. Mas o poeta reflete a cidade de São Luís. Ele vive onde está e onde ama porque as suas evocações não são necessariamente evocações do passado da sua cidade, não são a angústia e a nostalgia de estar num espaço que não lhe diz respeito, querendo, ansiando, sonhando no retomo, no reencontro com suas raízes e com a sua história, para sentir-se feliz. Aqui ele vive, aqui ele ama, aqui ele é feliz, aqui ele construiu, aqui ele continua construindo amizades, trabalhos na beleza da poesia que ele faz.

E eu vou dar outro exemplo de como nosso poeta, com o seu trabalho, conseguiu unir a poesia à ação profissional. Essa campanha, São João de Alegria, que tem peças belíssimas, que tem ritmo, que tem vídeos, que tem sons e cores que refletem o sentimento da nossa maranhensidade. Nada mais autêntico e mais belo para nós, que vivemos e sabemos o que somos. E viver essas tradições é exatamente saber o que somos, quem somos e dizer para onde queremos ir. A beleza das peças foi criada pela agencia de Alex Brasil. E Alex, reafirmo, é o primeiro dos criadores da agência. É dele que parte a idéia, dele ou de Waniel.
Mas, após a discussão, a palavra final é de Alex. Gosto de trocar idéias com ele, sobre as peças de publicidade que me dizem respeito, de alguma maneira. As palavras, as ações e as formas fluem, como fluem os ritmos e a sonoridade das palavras e da poesia.

Eu fico feliz poeta, uma vez mais. O Titulo de Cidadão de São Luís é a mais alta horária que a Câmara Municipal pode conceder a um cidadão que, em não nascendo aqui, tem reconhecida história de vida que o habilita a receber essa honraria. Uma história de vida em favor da cidade, em construção da cidade. E, por vosso trabalho profissional, por vossa obra poética, por vosso exemplo de viver, reunistes e reúnes todos os méritos para esta homenagem. Esta homenagem, que eu quis deixar que fosse exatamente assim quase uma conversa, uma reflexão que nos pudesse unir nesta manhã, que pudesse ser simbólica também para dizer que esta Casa se honra com a concessão desse título, e com a manhã que estamos vivenciando neste momento.

Eu sei e nós sabemos, vendo a vida de forma holística como vejo, como vemos e devemos ver, e sabendo que o real não é necessariamente o que nós vemos, mas o que nós sentimos. Eu sei que há diferentes manhãs, neste espaço da manhã que estamos vivendo aqui. Há manhãs lá fora e elas são milhares de manhãs lá fora. Eu não preciso me estender sobre elas. E há manhãs aqui dentro.

Há manhãs e manhãs que se introjetam em nossas almas, neste instante, nas lembranças que palavras por ventura ditas e não ditas fazem afloram, revelam e, por diversas formas, envolvem nossas emoções. E cada um percebe esta manhã a seu próprio modo, sem necessariamente, qualquer juízo crítico.

Eu percebo este espaço, neste instante, de modo muito especialmente meu. Vós, que recebeis esta homenagem, certamente, a registrareis de modo especialmente vosso. E cada um que aqui está reflete, filtra, registra este instante de modo especialmente seu, considerando a unicidade com que integramos a natureza, como criaturas de Deus. Vemos uma realidade possível aos nossos olhos e aos nossos sentimentos. Então, as manhãs que acontecem neste recinto, neste instante, talvez sejam mais que duzentas manhãs, na forma de interpretar e sentir, de cada um de nós.

Essas manhãs, poeta, têm uma convergência, têm um sentido material único que é a homenagem à vossa pessoa. Alguém acrescentará mais palavras às minhas palavras. Alguns suprimirão palavras que eu disse, por achá-Ias desnecessárias, talvez. Outros, simplesmente, preferirão o silêncio, a energia e a magia do olhar e do silêncio, como forma de eternizar como recordação.

Recebei a minha homenagem pessoal e da Câmara Municipal de São Luís, a do Presidente da Câmara, em nome dos excelentíssimos senhores Vereadores,
Muito obrigado.

(Fala no encerramento da sessão)

Cumprindo nosso protocolo o Presidente ainda fala, para agradecer e encerrar a sessão. Mas estou com a alma tomada de emoções e sinto que é preciso calar \ até que a voz desembargue e meus olhos se desembaçem para ver e sentir claramente. Mas eu agradeço, em nome da Câmara Municipal, a presença de todas que aqui estão: Sérgio Macedo, que neste ato representa o Governador do Estado; Poeta José Chagas, querido amigo, que representa a nossa Academia Maranhense de Letras; Chico Branco, que representa o Senhor Prefeito Municipal, de São Luís. Devo registrar e agradecer, também, a presença dos acadêmicos Joaquim Itapary, Marialva Mont’Alveme Frota e Ceres Costa Fernandes; os familiares de Alex Brasil; os senhores Vereadores, e todos~demais que aqui estão e que conosco registraram, sentiram e eternizaram esta manhã de emoções e de poesias.

Sob o reinado, portanto, dos santos de junho, que hajam as festas; que rufem os tambores, as matracas, os pandeiros; que todos toquem Alex Brasil, em vossa homenagem, a partir de hoje. Estamos à véspera do dia do batizado e das benções do bumba-meu-boi. A partir de agora, todo o reinado de nossa cidade é das tradições e dos arraiais. Nossas almas se transformam em uma alma só, coletiva, impregnada de tradições que varam a madrugada ao som dos tambores.

Eu agradeço a presença de todos. Que sejamos festas, porque esta é uma manhã perene e festiva, e convido todos para um coquetel que será servido na sala de reuniões da Presidência no 2° andar. O espaço não é tão amplo, mas o coração é muito maior. Muito obrigado. Está encerrada a sessão.