Praticamente a um ano das eleições, a corrida eleitoral já em andamento, todos pintados pra guerra, e ainda lambendo as feridas da recente batalha municipal, falar altruiscamente em parcerias entre os antagonistas governador Flávio Dino e o prefeito Eduardo Braide, soa, no mínimo, paradoxal. Os adversários não mandam flores. E nesse cenário de beligerância o que mais se ouve é canto de sereia, e qualquer presente é de grego.
Resta, então, análises frias sobre essa tentativa de diálogo entre os Leões e La Ravardière. Em primeiro lugar, só um inocente não sabe que o prefeito Eduardo Braide possui legítimas chances de participar, também, dessa corrida eleitoral, impulsionado pelo mesmo engajamento popular que o levou, sem recursos e conchavos, à prefeitura de São Luís. Nada inédito, bastando lembrar a trajetória de João Dória em São Paulo.
Então, no mínimo, fiel da balança nessa disputa intestina nos bastidores do governo Dino, o prefeito Eduardo Braide é, por todos os ângulos, uma noiva cobiçada, capaz de decidir sobre quem fica ou sai do trono leonino, ele próprio podendo quebrar a ordem até agora posta no tabuleiro.
A essa altura do campeonato eleitoral, o campo minado, qualquer lance pede reflexão, qualquer passo ou passe pode decidir o jogo. Não trata-se, portanto, de uma parceria qualquer, como limpar a Praça D. Pedro II ou embelezar a ponte José Sarney. Ou é um abraço de tamanduá pra um lado ou para o outro, ou um gol de placa para quem está mirando o ângulo que nem o goleiro está vendo. Nesse jogo de esconde-esconde, só não pode dar é um a um, e bola na trave não altera o placar.
Alex Brasil