UNIVERSO
O universo é um conflito infinito
que a razão disfarça,
criando um nome chamado harmonia.
Onde haverá a paz sem violência?
Onde haverá maturidade sem inocência?
Onde haverá edificação sem destruição?
Onde haverá multidão sem solidão?
Onde haverá o ódio sem o amor?
Onde haverá a felicidade sem a dor?
Onde haverá coisas que descem sem coisas que sobem?
Onde haverá uma flor sem o espinho que ferroa?
Onde haverá, enfim, um Deus que só perdoa?
REALIDADE
Hoje estive observando detidamente o movimento das coisas vivas
E o próprio movimento de minhas mãos, lábios e olhos.
Ainda assim não consegui entender a realidade bipartida;
Camuflada sob a loucura, mimetizada em sonhos.
COMENTÁRIO DO AUTOR
OS PATINHOS FEIOS
Eles eram mais de cem poemas, feitos em datas seguramente entre os meus 17 e 23 anos de ida, a rabiscar o que pensava ou sentia. À medida, lixeiro de papel, de minha propriedade, num, uma velha mesa que sempre nos acompanhava pois não mais tinha utilidade), ia rasgando- os aos poucos. Ora, por lembrar-me da minha angustiante adolescência, ora, por não mais me identificar com aquele “jeito” de escrever. Mas verdade se diga: a cada um que destruía, sentia-me um pai assassinando o próprio filho por achá-Io filho de outro pai. De tal forma que necessitava comentar o crime a alguém, desabafar. Esse alguém era (e é ainda) uma grande amiga minha, que condoía-se com meus “crimes” na opinião dela. De tal forma que por piedade dela, resolvi poupar os últimos 30 “patinhos feio” de meu coração, e soltá-Ios no mundo, assumindo toda a culpa. O “crime” não estaria justamente aí, minha amiga? De qualquer forma, eu os libero ao mundo agora.